Ensaio Teórico: Escreva de Forma Original e Veja Exemplos
Conteúdo de Autoria do Professor Frossard | @prof.frossard
O ensaio teórico é um formato de texto muito usado na academia e que permite uma maior digressão das ideias, mas que sempre ocorrem de maneira rigorosa e que revelam um alto conhecimento do autor.
Muitos especialistas sobre metodologia afirmam que ele é utilizado nas áreas de Ciências Humanas e Sociais, porém, nada impede que outras áreas também o utilizem e usufruam de seus benefícios.
Um ensaio teórico é um momento em que o autor pode fazer uma reflexão sobre um tema específico.
Não necessariamente ele precisa ter o ensaio dividido em partes e seguir uma metodologia de artigo científico.
Mas sim, podemos afirmar que ele possui uma maior liberdade.
Quer entender melhor sobre Ensaio Teórico?
Então, para entender e conseguir fazer o melhor ensaio teórico, te daremos algumas informações relevantes a seguir e alertaremos para distinções com outros tipos de escrita acadêmica para que você possa construir o melhor trabalho possível.
→ Sugerimos a leitura completa deste conteúdo especial. Mas, se preferir, você pode acompanhar através de nosso índice a seguir.
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O que é um Ensaio Teórico?
Basicamente e, de maneira crua, podemos definir um ensaio como uma modalidade da escrita acadêmica.
Porém, como você já deve ter observado pela introdução deste texto, ele possui alguns meandros que os diferencia, e muito, de um artigo acadêmico.
Então, o que é um Ensaio Teórico?
O ensaio teórico destaca-se por permitir uma análise crítica e aprofundada de um tema específico, exigindo que o autor tenha um sólido conhecimento das teorias já existentes sobre o assunto. E diferente de outros tipos de escrita acadêmica, ele oferece ao autor certa liberdade para desenvolver e apresentar suas próprias análises, criando interpretações e conexões teóricas, sem a necessidade de seguir uma estrutura metodológica rígida.
Dessa maneira, não há uma estrutura pré-fixada, e isso pode ser algo que acabe te atrapalhando.
Afinal de contas, você pode se perder com facilidade na escrita e acabar repetindo informações ou, na pior das hipóteses, até mesmo se contradizendo.
Mas vale destacar que, para escrever um ensaio teórico é fundamental ter conhecimento dos outros tipos de escrita acadêmica.
Como assim?
Construir um ensaio teórico sem saber escrever um artigo acadêmico poderá ser uma atividade muito difícil, pois você poderá não saber identificar corretamente os conceitos e nem mesmo como fazer uma análise mais fina deles.
E tem mais:
No ensaio teórico, o objetivo é explorar e questionar um tópico, desafiando concepções estabelecidas e criando conexões entre teorias e conceitos diversos.
Quer um exemplo?
Um ensaio teórico sobre a influência da teoria da evolução de Darwin na biologia contemporânea pode não apenas discutir os principais argumentos de Darwin, mas também comparar e contrastar essas ideias com outras abordagens, apresentar críticas etc.
Dessa maneira, cabe ao autor realizar uma revisão abrangente da literatura existente, interagindo com as contribuições de diferentes autores e desenvolvendo um argumento que seja tanto coerente quanto persuasivo.
Exemplos de temas aplicados em ensaios teóricos
O ensaio teórico pode ser utilizado em diversas áreas do conhecimento, especialmente nas Ciências Humanas e Sociais.
Um exemplo clássico seria um ensaio teórico em filosofia, em que o autor discute e explora os pensamentos de filósofos (como Kant ou Nietzsche, por exemplo), comparando suas ideias e propondo novas interpretações.
Da mesma forma, na teoria literária, um ensaio teórico pode abordar – como outro exemplo – o impacto das teorias de Mikhail Bakhtin sobre o romance moderno, fazendo conexões entre suas ideias e obras literárias específicas.
Quer um exemplo no campo da sociologia?
O autor realiza um ensaio teórico sobre a relevância das teorias de Karl Marx no mundo contemporâneo, analisando como suas ideias sobre o capitalismo ainda reverberam nas análises sociais atuais.
Na área da educação, um exemplo de ensaio teórico poderia ser: explorar a influência de Paulo Freire no desenvolvimento de metodologias pedagógicas críticas, conectando suas propostas a práticas educacionais vigentes.
Esses exemplos demonstram que o ensaio teórico vai além de uma simples revisão da literatura.
Entende?
Ele permite ao autor fazer conexões profundas entre diferentes teorias, propor críticas e, em muitos casos, desafiar as concepções estabelecidas, criando um diálogo inovador entre diversos campos do saber.
Vamos te dar alguns exemplos publicados e depois continuamos com as dicas para você preparar o seu de forma original.
Exemplos e Modelos de Ensaios Teóricos
Para ilustrar, abaixo você encontrará quatro exemplos e modelos de ensaios teóricos que exploram diferentes áreas de conhecimento.
Esses ensaios demonstram a flexibilidade e profundidade desse tipo de escrita, permitindo ao autor desenvolver uma análise crítica e reflexiva sobre temas variados.
Ao conferir cada um deles, você terá a oportunidade de ver na prática como as ideias e teorias são conectadas para gerar discussões relevantes e inovadoras no campo acadêmico.
Diferença de um ensaio teórico para outras escritas acadêmicas
O ensaio teórico se distingue de outros estilos de escrita acadêmica pela flexibilidade que oferece ao autor para desenvolver suas ideias e fazer conexões mais subjetivas e criativas.
Ao contrário de um artigo científico, que segue uma estrutura rígida e se fundamenta em hipóteses e métodos de pesquisa claramente estabelecidos, o ensaio teórico permite uma exploração mais livre e crítica sobre um tema.
Além disso:
O ensaio teórico se diferencia ao focar mais na exploração de ideias e no levantamento de perguntas do que em fornecer respostas definitivas.
Essa característica o torna uma ferramenta para questionar concepções estabelecidas e estimular novas interpretações.
Entende?
Diferente de metodologias científicas que buscam resultados objetivos, o ensaio teórico favorece uma abordagem mais reflexiva e interpretativa, permitindo ao autor interagir com o tema de maneira inovadora.
Apesar dessa liberdade, a escrita de um ensaio teórico exige um profundo conhecimento sobre o assunto abordado, o que implica que o autor deve ter uma sólida base teórica, geralmente adquirida após anos de estudo e familiaridade com diferentes teorias e abordagens.
Por isso, esse tipo de escrita é mais comumente encontrado em trabalhos de acadêmicos experientes ou em áreas como as Ciências Humanas e Sociais, onde a reflexão crítica é essencial.
Embora estudantes de graduação possam eventualmente ser solicitados a escrever ensaios teóricos para fins avaliativos em disciplinas, dificilmente precisarão produzir esse tipo de texto para congressos ou eventos científicos.
Isso porque ainda estão construindo sua bagagem teórica e desenvolvendo habilidades necessárias para a produção de uma análise mais refinada e sofisticada.
Outro ponto importante a se destacar é que, mesmo com a liberdade criativa que o ensaio teórico oferece, ele não está isento de rigor teórico.
A construção das conexões teóricas deve ser sólida e coerente, com uma lógica interna que revele o domínio do autor sobre o tema.
Além disso, há uma exigência de originalidade e criatividade, o que diferencia o ensaio teórico de outros tipos de escrita acadêmica, como o artigo científico ou a resenha crítica.
No ensaio, o autor pode explorar novas perspectivas, propor interpretações inéditas e criar diálogos entre diferentes autores e teorias.
Por fim, outro diferencial significativo é o estilo de escrita.
O ensaio teórico pode incorporar uma linguagem mais literária ou reflexiva, permitindo que o autor utilize recursos estilísticos e retóricos que seriam incomuns em um artigo acadêmico tradicional.
Essa flexibilidade estilística permite uma maior expressividade, aproximando a escrita do ensaio de obras literárias ou filosóficas, onde há espaço para subjetividade e criatividade.
Em contraste, no artigo científico, a objetividade é a norma, e a linguagem e gênero textual tendem a ser mais técnica e impessoal, o que torna mais difícil articular esse tipo de linguagem de forma fluida e natural.
Como fazer um ensaio teórico?
Antes de mais nada, assim como em um artigo científico, é fundamental que você escolha um tema.
Pois, você precisará ter um bom conhecimento sobre este tema e também pesquisar mais sobre ele.
A produção acadêmica nunca para, desta maneira, por mais que você possa considerar que está atualizado sobre um determinado tema, ainda há muito o que se pesquisar sobre ele e a todo momento novos artigos são produzidos.
É fundamental que você pesquise detalhadamente a produção atual sobre o tema.
Você pode delimitar uma estrutura básica com apresentação, desenvolvimento e conclusão.
Mas, você não deve apresentar o seu ensaio com esses subtítulos.
Você pode usar a sua imaginação para nomeá-los da maneira que melhor lhe convir e ir apresentando as ideias e suas relações.
O ensaio, mais do que revelar uma pesquisa sobre um determinado tema, mostra a sua capacidade de conexões e tudo o que você já conhece sobre um determinado assunto teórico.
Assim, como você já percebeu, pode até parecer que é mais fácil escrever um ensaio teórico, mas na verdade, ele é muito mais cheio de sutilezas e exige muito conhecimento.
Estrutura e Metodologia para Ensaio Teórico
Um ensaio normalmente não segue uma estrutura padrão de um artigo científico ou de um projeto de pesquisa.
Você pode ter maior liberdade para a delimitação do seu título e subtítulos que usará no seu ensaio.
E esses subtítulos podem ser variados.
Obviamente que em cada parte de seu ensaio você apresentará algo que depois será costurado e chegará a uma conclusão ou uma consideração final.
Sobre a metodologia, você trabalhará principalmente com a revisão de literatura.
Assim, você terá de fazer uma pesquisa sobre a produção acadêmica atual e também sobre temas que são próximos ao tema de seu ensaio.
Ao trabalhar com a revisão de literatura, é importante não apenas apresentar as teorias existentes, mas também dialogar criticamente com elas.
A intertextualidade, ou seja, a capacidade de relacionar diferentes autores e perspectivas, fortalece a originalidade do seu ensaio teórico.
Ao fazer essas conexões, você demonstra não apenas o domínio sobre o tema, mas também a capacidade de questionar e propor novas interpretações.
Uma boa prática é apresentar as contribuições dos principais autores de forma comparativa, destacando pontos de convergência e divergência entre as teorias.
Isso não apenas enriquece a sua análise, como também proporciona ao leitor uma visão mais ampla e integrada do campo em questão.
Assim, seu ensaio teórico vai além de uma simples exposição de ideias, transformando-se em um espaço para a criação de novas interpretações e discussões teóricas.
Uma boa dica é sempre ver o contexto histórico em que as teorias que você está abordando foram elaboradas.
Você pode usar o contexto histórico para trazer outros traços para sua escrita que se distanciam de um artigo acadêmico em que a escrita olha somente para a teoria elaborada por um autor e não sua vida e contexto.
Outra dica importante para evitar problemas de repetição ou contradição no seu ensaio teórico é a criação de um esboço prévio.
Antes de começar a escrever, organize suas ideias de forma clara, estabelecendo uma linha de raciocínio lógica e coerente.
Isso ajudará a manter o foco ao longo do texto e a evitar que você retorne a um ponto já abordado ou que apresente uma argumentação que vá contra o que foi discutido anteriormente.
Além disso, é fundamental cuidar da articulação entre os diferentes conceitos e teorias que serão analisados.
Para garantir que suas conexões sejam bem feitas, revise cada seção do ensaio com atenção e certifique-se de que os argumentos fluem de maneira natural, sem saltos ou lacunas que possam confundir o leitor.
Uma técnica útil é fazer pausas durante o processo de escrita para reler o que foi produzido e refletir sobre a clareza e coerência da exposição.
Por fim, lembre-se de que a originalidade é uma característica essencial do ensaio teórico.
Embora você trabalhe com a literatura existente e com teorias já estabelecidas, o grande diferencial desse tipo de escrita é a sua capacidade de trazer novas perspectivas e interpretações.
Seja criativo na forma como articula as ideias, mas sempre com o cuidado de fundamentá-las em argumentos sólidos e coerentes.
Aproveite nossos outros artigos citados abaixo, além dos links que disponibilizamos durante este texto.
REFERÊNCIAS:
- Adorno, T. (2003) O ensaio como forma. In: Adorno, T. Notas de literatura I. São Paulo: Duas Cidades/ Editora 34
- Kuhn, T.S. (1962) The structure of scientific revolutions. Chicago: University of Chicago Press.
- Meneghetti, F.K. (2011a) O que é um Ensaio-Teórico? Revista de Administração Contemporânea, 15 (2), 320-332.
- Montaigne, M. (1994) Ensaios. São Paulo: Abril Cultural.
- Sanseverino, A.M. (2004) V. Pequenas notas sobre a escrita do ensaio. História Unisinos, 8 (10), 97-106.
- Schopenhauer, A. (2009). A arte de escrever. Porto Alegre: L&PM.